A última divisão

Quantos anos você tem? Eu nasci em 1989 e portanto tenho 18 anos de idade e isso já é bastante caminho andado. Certamente a idade dos leitores desse texto será bastante diversa. Acredito que todos nós podemos medir o quanto são 23 anos. Vamos pensar no mundo de 23 anos atrás. Em 1984 o mundo era realmente um lugar diferente. Não se tornou a distopia que George Orwell previa com seus Big Brothers, mas era um mundo frio por causa dos atritos entre as superpotências. Este atrito que deu motivo a um boicote tolo aos Jogos Olímpicos de Los Angeles. O Alto Volta passava a se chamar Burkina Faso, Tancredo derrotava Maluf no congresso nacional, o movimento das Diretas Já tomava forma e o Fluminense pela primeira vez tornava-se campeão brasileiro. Faz tempo.

Agora imagine-se na pele de um torcedor do Jersey Rangers, da Inglaterra. Você vai sempre ao Downs para torcer pelo seu time, você é um apaixonado e sempre vê os jogos de sua equipe tanto pela Bristol Downs League Division 4 quanto pela All Saints League. Ah, e você também é um otimista, olha pras tabelas da Barclays Premier League observando quais são os times mais perigosos que o Jersey pode enfrentar, e também os times que já estão no papo. Esse otimismo talvez até se justificasse se não fosse um probleminha. O Jersey Rangers e mais 15 times que jogam em sua liga formam exatamente a 24ª divisão do futebol inglês. Não há mais ninguém abaixo, essa é a última camada do futebol na terra da rainha. Portanto, se você é um torcedor do Jersey seja bastante otimista, pois na melhor das hipóteses o time levará ao menos 23 anos pra chegar à divisão principal. E até aí o mundo pode ter mudado bastante...

Bristol é uma cidade de cerca de 410 mil habitantes e fica situada no sudoeste do território inglês. O nome da cidade vem da palavra Brycgstow do inglês antigo, que signifca "o lugar na ponte". No século 14, Bristol era uma das cidades mais populosas da Inglaterra, perdendo apenas para Londres e York, mas o seu crescimento populacional foi severamente afetado pela Peste Negra. No verão a temperatura máxima da cidade alcança os 22 graus em julho, enquanto seus dias mais frios podem ser observados em janeiro e fevereiro com 3 graus.

The Downs é o local em que todas as equipes das quatro divisões da liga de Bristol jogam. Vale notar que The Downs não se trata de nenhum estádio, ou sequer um campo murado. The Downs na verdade é um belo parque aberto no qual as várias equipes jogam entre si. Pela qualidade da área, várias tentativas foram feitas para explorar o local financeiramente. Porém a Merchant Venturers, um grupo de importantes pessoas da localidade e mais tarde uma lei do parlamento inglês proíbiram a exploração comercial do local e ele permaneceu aberto para todos

As origens da liga remontam ao início do século passado, mais precisamente ao ano de 1905 quando 30 equipes se reuniram e formaram a liga. Dois destes membros fundadores jogam pela liga até hoje: o St. Andrews FC e o Sneyd Park FC. O Sneyd Park jogou todas as temporadas desde a fundação da liga, enquanto St. Andrews se ausentou somente uma vez, mas também somou mais de cem temporadas.

Nos anos 20 a grande equipe da liga era o já extinto Union Jack FC, que venceu a liga por nove vezes em dez temporadas e bateu o bem mais ranqueado Cheltenham Town por 6 a 3 na FA Cup de 1925. Um dos grandes jogadores do Arsenal, Eddie Hapgood começou no Union Jack. Wally Hammond, um futuro capitão da equipe de críquete inglesa começou no Union. Os anos após a Segunda Guerra Mundial foram os melhores da história da liga, com diversos jogadores se tornando profissionais. Hoje em dia as principais forças da liga são o tradicional Sneyd Park e o Clifton St. Vincents.

Atualmente a liga conta com 50 equipes em suas quatro divisões, além de duas copas: a Norman Hardy Cup (para equipes que disputam as divisões 1 e 2) e a All Saints Cup (para equipes das divisões 3 e 4). O mais curioso é o interesse que a BBC de Bristol mantém sobre a liga com notícias constantes, reportagens e até os melhores momentos no seu website, curioso se considerarmos o nível da liga.

Portanto, se você é um torcedor do Jersey seja bastante otimista, pois na melhor das hipóteses o time levará ao menos 23 anos pra chegar à divisão principal. E até aí o mundo pode ter mudado bastante...

Mais informações

-Artigo da Wikipédia anglófona sobre a liga: http://en.wikipedia.org/wiki/Bristol_Downs_Football_League

-A pirâmide do futebol inglês: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_do_Futebol_Ingl%C3%AAs

-Site da BBC sobre a liga: http://www.bbc.co.uk/bristol/sport/downs_league

-Site "100% não-oficial" sobre a Bristol Downs League: http://www.downsleague.com/

Efusivos abraços a todos
TC Muniz Relvas

Jogos do Pacífico Sul 2007 + Eliminatórias OFC 2010

Os 13ºs jogos do Pacífico Sul serão disputados em Apia em Samoa, da qual participam 22 nações: Samoa Americana, Ilhas Cook, Estados Federados da Micronésia, Fiji, Guam, Kiribati, Ilhas Marshall, Nauru, Nova Caledônia, Niue, Ilhas Norfolk, Ilhas Mariana do Norte, Papua Nova Guiné, Palau, Samoa, Ilhas Salomão, Taíti, Tokelau, Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Wallis e Futuna. Estes países tentarão os ouros em diversas modalidades, a saber: Arquerismo, Atletismo, Badminton, Beisebol, Basquete, Vôlei de Praia, Fisiculturismo, Boxe, Críquete, Golfe, Hóquei, Judô, Lawn Bowls, Netball, Canoagem de Mastro Lateral, Powerlifting (Levantamento de peso deitado), Rugby Sevens, Rugby League, Vela, Tiro, Futebol, Squash, Surfe, Natação, Tênis de Mesa, Taekwondô, Tênis, Touch Rugby, Triatlo, Vôlei, Halterofilismo e Luta-Livre.

Futebol nos Jogos do Pacífico Sul
Competição Masculina
Primeira Fase
25/08 - A - Polinésia Francesa-Taíti x New Caledonia
25/08 - B - Ilhas Salomão x Samoa Americana
25/08 - B - Vanuatu x Samoa
25/08 - A - Fiji x Tuvalu
27/08 - A - Fiji x Ilhas Cook
27/08 - B - Ilhas Salomão x Tonga
27/08 - B - Samoa Americana x Samoa
27/08 - A - Tuvalu x Nova Caledônia
29/08 - A - Nova Caledônia x Ilhas Cook
29/08 - B - Samoa Americana x Vanuatu
29/08 - B - Samoa x Tonga
29/08 - A - Tuvalu x Polinésia Francesa-Taíti
01/09 - A - Polinésia Francesa-Taíti x Fiji
01/09 - B - Tonga x American Samoa
01/09 - B - Vanuatu x Ilhas Salomão
01/09 - A - Ilhas Cook x Tuvalu
03/09 - A - Nova Caledônia x Fiji
03/09 - A - Ilhas Cook x Polinésia Francesa-Taíti
03/09 - B - Samoa x Ilhas Salomão
03/09 - B - Tonga x Vanuatu

Classificam-se os dois melhores de cada grupo para as semi-finais.
Os países que receberem as medalhas (ouro, prata e bronze) estarão na fase final das Eliminatórias para a Copa do Mundo 2010 junto com a Nova Zelândia.

A única exceção é Tuvalu, q não é filiado à FIFA.

Competição Feminina
Primeira Fase
25/08 - A - Samoa Americana x Papua Nova Guiné
25/08 - A - Fiji x Ilhas Cook
28/08 - A - Samoa Americana x Ilhas Cook
28/08 - A - Papua Nova Guiné x Ilhas Salomão
30/08 - A - Samoa Americana x Fiji
30/08 - A - Ilhas Cook x Ilhas Salomão
31/08 - B - Polinésia Francesa-Taíti x Samoa
31/08 - B - Tonga x Nova Caledônia
01/09 - A - Ilhas Salomão x Samoa Americana
01/09 - A - Papua Nova Guiné x Fiji
01/09 - B - Nova Caledônia x Samoa
01/09 - B - Polinésia Francesa- Taíti x Tonga
03/09 - A - Ilhas Cook x Papua Nova Guiné
03/09 - A - Ilhas Salomão x Fiji
03/09 - B - Nova Caledônia x Polinésia Francesa-Taíti
03/09 - B - Samoa x Tonga

O país vencedor irá disputar vaga nas Olimpíadas contra a Nova Zelândia.
Não podem disputar essa vaga: Ilhas Salomão, Nova Caldônia e Samoa Americana, não filiadas à FIFA. Vanuatu estava no Grupo B, mas desistiu.


Site oficial: Samoa 2007
Artigo na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/South_Pacific_Games

Futebol daqui 20 anos

Estamos em 2027 e Barueri e Ipatinga se preparam para mais uma final de campeonato, depois de uma competição empolgante e cheia de emoções acabou dando o óbvio, as duas equipes que nos últimos 10 anos dominam o futebol brasileiro chegam a mais uma final. O Barueri tentando o tri, o Ipatinga o Bi.

Os mais novos "grandes" do futebol Brasileiro começaram a estabelecer hegemonia numa época que o futebol ainda era amador, numa época que as equipes tradicionais pensavam que apenas com torcida e com camisa venceriam a tudo e a todos. Investindo em estrutura e com apoio quase sempre da prefeitura das respectivas cidades essas equipes criaram uma nova ordem no futebol nacional. Mesmo com a ajuda da CBF as equipes de torcida começaram a perder espaço, algumas caíram de divisão e por lá ficaram, outras sofrem do efeito sanfona subindo e descendo sempre.

Algumas conseguiram até se manter bem como o São Paulo, hoje o time de maior torcida do país, Goiás, Santos, Atlético/PR, Red Bull Caxias (União dos extintos Juventude e Caxias), e o Figueirense, dono do estádio mais moderno do país construído por causa da recente copa do mundo e que foi muito bem adaptado à nossa realidade, pois as outras equipes que tentaram construir estádio por causa da copa acabaram criando verdadeiros museus faraônicos sem conforto nenhum. Me lembro que há 20 anos atrás que com exceção do São Paulo e do Santos, todas essas equipes eram apenas equipes médias/pequenas, mas elas investiram em marketing, em estrutura e souberam assinar parcerias na hora certa que garantiram a permanência na primeira divisão nacional.

Assim a série A está formada pelas equipes que se adaptaram aos novos tempos e roubaram o espaço dos grandes, além do Barueri e do Ipatinga, tem o Pão de Açúcar, que de time revelador de talentos passou à atual campeão da copa do Brasil, a Ulbra de Canoas e o Campinas atual campeão da libertadores e maior força do interior paulista na atualidade.

No Futebol internacional, o Al Ittihad é o atual campeão tri campeão do mundo graças aos petro-dólares e ao time galático que formou. Me lembro quando os galáticos eram os europeus que hoje sobrevivem tirando da África e da América crianças que nem saíram do leite. A prova disso é o filho do Grande Lionel Messi estreando no Barcelona com 13 anos, não consigo entender como meu filho pode achar isso comum... uma criança jogando futebol profissional. Na copa do mundo do ano passado finalmente a Argentina voltou aos velhos tempos e conseguiu parar um pouco a hegemonia Africana, tudo isso graças ao Riquelme que é um treinador fantástico e hoje em dia é disparado com certeza o melhor do mundo, o nó tático que ele deu no treinador da Arábia pelas quartas de final foi de tirar o chapéu e impediu que os Árabes conseguissem algo de relevante, pois mesmo tendo as melhores equipes do mundo e a liga mais forte a seleção da Arábia nunca conseguiu formar um time competitivo para a copa. A nossa seleção canarinho só foi bem mesmo jogando em casa na copa de 2014, Neymar deu um show e fomos campeões sem tomar um gol sequer, só lamento com o rumo da carreira do Neymar que apesar da habilidade virou muito chinelinho e nunca se estabeleceu na carreira hoje tá abandonado em fim de carreira na Reserva do Red Bull.

Apesar das várias modificações, o futebol continua apaixonante e ainda é minha grande paixão. Ele se modificou com o mundo e acho que não mudaria nada nele, as vezes por causa da velhice reclamo de algumas coisas mas é coisa da idade.

Por Sérgio Oliveira

Ascensão (dos pequenos) e queda (dos grandes)

Vendo este título, alguém poderia facilmente pensar que se falará de fenômenos como, por exemplo, o Campeonato Carioca, que vem assistindo continuamente à presença de equipes pequenas nas suas fases decisivas. Contudo, aqui o conceito de clube grande e clube pequeno é outro, estritamente regional. Falaremos aqui de equipes de grandeza e hegemonia regionais, nada comparado a um Flamengo, Palmeiras ou Atlético, para ficar só nestes três. Mais exatamente, levantaremos as situações atuais destes e de pequenos intrusos que vêm roubando seu espaço nos cenários estaduais.

Caso número 1: Triângulo Mineiro

O Triângulo Mineiro, região cada vez mais rica do Estado de Minas Gerais, tem três equipes de grande tradição regional, em que pese nenhuma delas jamais ter amealhado uma taça de campeão mineiro. Dois deles, o Uberlândia Esporte Clube e o Uberaba Sport Club, ocupam, respectivamente, a quarta e quinta posições do ranking da CBF, contando apenas as equipes mineiras, motivo pelo qual o Verdão está incluído entre as equipes do Estado a serem beneficiadas com a Timemania. O Colorado, entretanto, foi preterido por motivos desconhecidos para o Villa Nova, mas isto são outros quinhentos. A outra equipe de tradição na região é o Nacional Futebol Clube, de Uberaba.

Estas três equipes passaram os últimos 15 anos atuando como verdadeiras sanfonas a nível estadual, alternando temporadas no Módulo II e momentos de destaque no módulo I e até no Campeonato Brasileiro - na confusa e homérica Copa João Havelange, em 2000, o Verdão faturou a taça do módulo que leva a sua cor e por muito pouco não avançou às oitavas-de-final da competição, eliminado que foi pelo extinto Malutrom - atual J. Malucelli. O Nacional está ainda pior, oscilando entre o Módulo II e a Segunda Divisão estaduais.

É neste cenário que, atônitos, o trio de ferro do Triângulo viu a aparição e ascenção de um intruso: trata-se do Ituiutaba Esporte Clube, a Coruja do Pontal, que jogou as edições de 2003, 2005 e 2006 da Série C nacional, tendo conquistado seus acessos estaduais em 1998, quando o Ipatinga - ele mesmo - venceu a Segunda Divisão, através da desistência de outras equipes, e em 2004, campeã que foi do Módulo II. É interessante notar que desde 2002 o Ituiutaba tinha a companhia de um rival da cidade e de bairro, a Associação Esportiva Ituiutabana, que em 2002 e 2003 não passou da primeira fase e em 2004 alcançou o hexagonal final junto com o Ituiutaba, mas desistiu de jogar o hexagonal alegando abandono de patrocínio das empresas e da prefeitura - suspeito que estes tenham preferido “concentrar esforços” no Ituiutaba, o que, afinal, deu certo. Daí em diante, o Boa (apelido derivado do antigo nome do clube, Boa Vontade) colecionou sucessos consideráveis para um novato no Módulo I: sempre batia na trave e não passava às semifinais, mas garantiu vagas para a série C nos dois primeiros anos de primeira divisão, obtendo alguns triunfos sobre equipes de Minas e do interior paulista, mas nunca avançava muitas fases na competição. Ainda assim, mais do que o Verdão e o Zebu, que há tempos não sabem o que é uma competição nacional.

Antes da Coruja, apenas a União Tijucana de Esportes, em 1976, havia representado Ituiutaba na primeira divisão estadual, mas num campeonato que tinha tantos times (vinte e três) que sua presença não foi exatamente percebida, e o Triângulo, além da União Tijucana, tinha Araguari e Fluminense (Araguari), Arsenal e 13 de Maio (Frutal), Nacional e Uberaba (Uberaba) e Uberlândia na primeira divisão, num total de 8 equipes, sendo que, de todos, apenas Uberaba e Uberlândia sobreviveram ao enxugamento do campeonato, que reuniu 12 equipes em 1977.

Caso número 2: grande Ribeirão Preto

Se o Triângulo Mineiro é uma região rica, o que dizer de Ribeirão Preto, com sua agropecuária, agroindústria e instituições acadêmicas de destaque. Aqui há duas equipes que fazem um clássico de grande tradição: Comercial Futebol Clube e Botafogo Futebol Clube. O Comercial experimenta um período maior de relativo ostracismo, visto que participou pela última vez da divisão principal em 1986. O Botafogo, contudo, experimentou grande sucesso no início do milênio, tendo sido vice-campeão da Série B em 1999 e vice-campeão paulista em 2001, num time que tinha como destaques jogadores como Doni, hoje na Roma, e Cicinho, do Real Madrid.

Logo após cair para a segunda divisão nacional, em 2001, a Pantera da Mogiana sofreu uma queda meteórica. Caiu para a série C em 2002, para a série A2 paulista em 2003 e para a série A3 paulista em 2005. No ano seguinte, recuperou-se e voltou à Série A2, e hoje luta para subir de volta à série A1. Já o Comercial não se mexeu da Série A2 desde sua criação em 1994, embora tenha sido rebaixado em 2001 e posteriormente salvo pela Liga Rio-São Paulo e seu efeito cascata, que resgatou mais equipes da série A2 e salvou o Comercial do rebaixamento.

Neste meio tempo, outra equipe da região de Ribeirão Preto conquistava gradualmente seus acessos nas divisões inferiores. Depois de um longo período fora do futebol profissional, o Sertãozinho Futebol Clube retornou em 1998 na Série B1-B (quinta divisão) paulista, conquistando o terceiro lugar e o acesso para a quarta divisão de 1999 (série B1-A). Os outros acessos foram em 2001 (para a série A-3), em 2003 (para a série A-2) e em 2006 (para a série A-1). Neste ano salvou-se do rebaixamento na última rodada, contudo ainda assim deverá assegurar vaga na série C. Um fato histórico e surpreendente para uma equipe que não tinha no futebol seu principal expoente, senão no hóquei sobre patins, esporte onde o clube tem vários rivais e onde a cidade reina absoluta no cenário nacional. Prova disso é a média de público do Touro dos Canaviais na competição, de 4.755 pagantes, atrás somente dos quatro grandes clubes do Estado.

O Sertãozinho é a primeira equipe da cidade a figurar na divisão principal do futebol paulista.

Caso número 3: Vale do Paraíba paulista

Esta região do Brasil destaca-se pelo aspecto turístico religioso, onde a cidade de Aparecida age como pólo atrativo de milhares de católicos a cada ano, e por sediar importantes pontos de indústria aeronáutica, sobretudo em São José dos Campos. A região tem como equipes tradicionais o Esporte São José, antigo São José Esporte Clube, e o Esporte Clube Taubaté.

Ambos tiveram e estão tendo problemas recentes com terceirização do departamento de futebol, como aconteceu com a União Barbarense em Santa Bárbara d’Oeste. O São José Esporte Clube caiu da série A-2 para a A-3 em 2004, trocando então de nome para Esporte São José. Dois anos depois retornaram como vice-campeões à série A-2, perdendo para o supracitado Botafogo na finalíssima, e hoje brigam pelo acesso à série A-1 no quadrangular semifinal junto com os tradicionalíssimos Guarani e Ponte Preta, além do Bandeirante. O caso do Taubaté é mais grave, pois está vivendo seu ponto mais crítico hoje, tendo sido o lanterna deste ano na série A-2 e vendo seu contrato de terceirização acabar apenas em 2010, sem perspectivas de melhora imediata.

Impotentes, a Águia do Vale e o Burro da Central viram a explosão de uma surpresa vinda de uma cidade vizinha de Aparecida: o Guaratinguetá Futebol Ltda., antigo Guaratinguetá Esporte Clube. A Garça conquistou seu primeiro acesso em 2001, sendo terceira colocada da série B-2 e logo no ano seguinte foi vice-campeã da série B-1. Seus outros acessos se deram em 2004, terceira colocada da série A-3, e em 2006, quarta colocada da série A-2. Obteve extremo sucesso em sua primeira temporada na série A-1 paulista e classificou-se para as semifinais do Campeonato do Interior com o 10º lugar na classificação geral, e lutará com o Paulista de Jundiaí por uma vaga na final do interior.

Antes do Guaratinguetá, o último representante da cidade na divisão principal de São Paulo foi a Associação Esportiva Guaratinguetá, em 1964.

Conclusão

O Vale do Paraíba viu dois exemplos de terceirização mal-feita e um de terceirização com sucesso de departamentos de futebol de seus clubes, e os dois mais tradicionais da região ainda estão assimilando o golpe. Os clubes de Ribeirão Preto, sobretudo o Botafogo, também estão assimilando o golpe que foi ver a equipe de Sertãozinho subir à série A1. No Triângulo, Uberaba e Uberlândia já voltam a se destacar no cenário estadual - o Uberaba foi finalista da Taça Minas Gerais em 2006 e o Uberlândia Esporte tem tudo para voltar ao Módulo I, obtendo uma excelente média de público em seus jogos, equivalente às maiores do interior mineiro do módulo I. São exemplos vivos de que, se os rivais não se ajudam e não se promovem, é somente através de iniciativas regionais em cidades menores que estes grandes clubes encontram a motivação e força para se reerguerem.

Vítor Rodrigo Dias

Mir futbola: Hooligans

Na minha primeira coluna eu disse que explicaria melhor a história de que Margaret Tatcher é a responsável pelo surgimento dos hooligans tal qual conhecemos aqui. Essa coluna será destinada à esta explicação. Antes disso, começarei a explicar o sentido original da palavra.

Hooligan significa arruaceiro em inglês e falar em hooligans é falar em arruaceiros. Mas os arruaceiros como conhecemos aparecem a partir da década de 1980 e não antes. Coincidência ou não, Margaret Tatcher se torna a primeira-ministra britânica em 1979 e impõe um programa neoliberal cuja finalidade era destruir o estado de bem estar social que havia sob a alegação que este impedia o desenvolvimento da economia britânica. A crise do petróleo de 1973 favoreceu o desenvolvimento desse sentimento. E como em toda reforma neoliberal que se preze, as classes mais pobres foram as mais prejudicadas e como o futebol era uma das principais formas de diversão das classes desfavorecidas, este acabou tornando-se uma válvula de escape para quem foi vítima dos ataques do governo britânico aos trabalhadores. Tanto que a partir dos anos 90 como parte do plano de eliminar a violência dos torcedores, foi imposta uma série de reformas nos estádios de forma que os ingressos ficassem caros e inviabilisassem a presença da maioria dos trabalhadores aos estádios. Em clubes da Pemiership o preço do bilhete por jogo varia de 20 a 40 euros dependendo do clube. Em suma, o problema dos hooligans como conhecemos é fruto do neoliberalismo que domina no Reino Unido desde 1979 (ano em que Tatcher foi eleita).

Rodolfo Matos

Esporte na TV ao vivo para o dia 9/4/2007

11:00 - TV Esporte Interativo: Futebol > Campeonato Inglês > Newcastle x Arsenal
16:30 - TV Esporte Interativo, Bandsports e RTP: Futebol > Campeonato Português > Beira-Mar x Benfica
19:15 - SporTV: Futsal > Liga Futsal > São Paulo FC/Santa Fé Funec/Tatuibí x Macaé/DalPonte
20:30 - ESPN: Futebol Americano de Arena > AFL > Georgia x Philadelphia

-TC Muniz Relvas

Eliminação do Palmeiras derruba mais um clichê

O Ipatinga continua aprontando e despachou o Palmeiras da Copa do Brasil. Mais um time grande pro currículo dos triunfos da equipe mineira, que já eliminara Santos e Botafogo em edições anteriores da mesma competição. É um time forte e que se consolida como forte favorito na Série B de 2007.

Mas esse post não é sobre o Ipatinga, nem sobre o Palmeiras. É sobre um clichê repetido à exaustão em competições mata-mata e que no confronto dessa semana foi, mais uma vez, derrubado.

Como se sabe, o Ipatinga havia derrotado o Palmeiras por 2x0 no jogo de ida, em Minas. Ao Verdão (me refiro ao Palmeiras, claro, o Ipatinga ainda não merece esse respeito) era necessário vencer os mineiros por três gols de diferença. Uma vitória por 2x0 levava a decisão para as penalidades. Missão difícil para o Palmeiras, claro. Não é fácil vencer jogo algum por mais de três gols de diferença.

Então logo muitos analistas e torcedores correram para despejar a seguinte frase que será analisada: "o Palmeiras precisa fazer um gol nos primeiros 15 minutos, para dar tranquilidade ao time e aí partir pra cima de vez".

A premissa parece lógica. E é até óbvia. Ao resolver parte do seu objetivo antes de um quarto do jogo, é mais razoável acreditar que seja possível cumprir a totalidade desse objetivo no decorrer da partida. Acontece que futebol não é simples e lógico. E exemplos claros e nítidos mostram que essa "regra dos 15 minutos" não se aplica muito bem. Vamos a eles:

- Libertadores de 2003, quartas-de-final. Corinthians e River Plate jogam no Morumbi e o Timão precisa reverter a derrota de 2x1 que levou na Argentina. Aos cinco minutos, Liédson abre o marcador. Apenas mais um golzinho classificaria o alvinegro. O resto da história todo mundo já sabe - River classificado, Corinthians desmoralizado e Geninho perdido gritando o "pega-pega" à beira do gramado.

- Champions League de 2004, também nas quartas. O pega entre Real Madrid e Monaco na França servia mais para cumprir tabela. Afinal, ninguém imaginaria que os galáticos deixariam escapar a classificação, tendo ganhado em casa por 4x2. Ainda mais quando Ronaldo abre o marcador para os merengues perto dos 30 minutos do primeiro tempo. Mas o Monaco empata a peleja no finalzinho da etapa inicial e, no segundo tempo, faz mais dois gols. Vence por 3x1 e despacha o Real na regra dos gols fora.

E há tantos outros exemplos que me fogem agora, mas que são facilmente encontrados numa pesquisa simples.

Mais uma prova - entre tantas inúmeras outras - que futebol não é uma coisa a ser analisada de maneira simplista e com frases feitas.

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Olavo Soares